
Em fases de tantas negações, o aquecimento global também é alvo de fake news. Para alguns fóruns de lunáticos que insistem em não enxergar o óbvio, seria apenas uma tese da esquerda mundial contra o conservadorismo. O mundo está mais quente e, por mais que seja um ciclo do próprio planeta, as consequências são sentidas no dia a dia, especialmente nas cidades litorâneas. Nelas, o mar está invadindo muito mais do que a praia...
Na última semana, uma polêmica envolvendo o superintendente do Ibama na Bahia, Rodrigo Alves, e o Tivoli Ecoresort, em Praia do Forte, tomou conta do noticiário. A obra que rendeu toda a confusão era um muro de contenção para tentar evitar que o mar provoque a erosão das áreas mais próximas à praia. É um paliativo que deve durar, no máximo, algumas décadas, e serve para evitar que as ondas, nas marés mais altas, atinjam estruturas já consolidadas, dentro de terrenos privados ou até em áreas de marinha.
O Tivoli Ecoresort é apenas um exemplo desse tipo de intervenção. Outras áreas do litoral baiano passam por situações similares. Em Salvador, as orlas da Pituba e de Ondina já passaram por isso. Na Baía de Todos-os-Santos, a Igreja de Nossa Senhora do Loreto precisou ter o entorno reforçado para evitar a destruição acelerada do patrimônio histórico. Constantemente publicamos sobre prefeituras que gastam rios de dinheiro refazendo áreas urbanas atingidas pelas forças das águas do mar.
Esse não é um problema exclusivo da Bahia. Todo o litoral brasileiro tem sofrido com o aumento do nível do mar, cada vez mais acelerado em virtude das mudanças constantes do clima. O derretimento de geleiras nos polos é apenas uma das explicações possíveis para esse processo. E falta consciência da população sobre os riscos a longo prazo para toda a sociedade. O mar precisa ser respeitado, não apenas na sua preservação, mas também por sua capacidade de subjugar os próprios homens.
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