O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não falou sobre suas expectativas em relação ao G20 ao chegar à Embaixada do Brasil, no histórico palácio Pamphilj, em Roma, onde ficará hospedado até segunda-feira (1º).
Ao descer do carro na porta do edifício, na praça Navona, para cumprimentar sete manifestantes que seguravam bandeiras do Brasil, ele disse estar feliz por poder visitar, na segunda, a cidade de onde teriam saído seus ancestrais -jornais italianos afirmam que isso não está confirmado.
"Muito obrigado, vi pelo caminho que o pessoal reconhece a bandeira do Brasil. Estou muito feliz, se Deus quiser na segunda-feira visitarei meus ancestrais", disse Bolsonaro, antes de entrar na embaixada. O ministro da Economia, Paulo Guedes, que ficará hospedado com o presidente, também não falou com os jornalistas.
O pequeno grupo de apoiadores que recebeu o presidente na praça Navona era liderado pelo carioca Jorge Ferreira Lima, 49, morador de Roma há dez anos. Segundo ele, os participantes combinaram a homenagem por grupos de WhatsApp que reúnem cerca de 140 pessoas.
Lima, que é evangélico, como os outro cinco integrantes, levava também uma bandeira de Israel. Segundo ele, Bolsonaro, que levou a maioria dos votos dos eleitores brasileiros em Roma, tem o apoio dos imigrantes porque "defende os valores de família".
Não havia manifestantes contra o presidente em sua chegada à embaixada. Entidades que planejavam protestar contra o governo preferiram distribuir panfletos em que criticam sua política em áreas como ambiente, saúde e economia.
Newsletter Lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes. *** No fim do dia, Bolsonaro tem um encontro com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, como parte do cerimonial italiano para os líderes que participam do G20.
No sábado e no domingo, ele participa da cúpula do G20 e tem encontros bilaterais. Bolsonaro terá também no sábado um encontro bilateral com Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, grupos de países entre os mais ricos do mundo.
O Brasil pleiteia fazer parte da entidade, onde já estão México, Chile, Costa Rica e Colômbia, mas a gestão Bolsonaro tem encontrado obstáculos para fazer avançar esse processo.
Ainda no sábado, o presidente brasileiro participa de um evento nas Termas de Diocleciano e de um jantar oferecido por Mattarella aos líderes do G20.
No domingo pela manhã, antes da reunião oficial da cúpula, Bolsonaro deve participar de um evento sobre "o setor privado na luta contra a mudança climática" --a política ambiental do atual governo é um dos pontos mais criticados por líderes europeus e provocou o bloqueio da tramitação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Na segunda, viaja a Pádua, onde, antes de visitar a cidade de Anguillara Vêneta, terra de seus ancestrais, deve ir à basílica de Santo Antônio, um dos santos católicos mais populares no Brasil.
Os responsáveis pelo santuário, porém, se mostraram constrangidos com o visitante, que consideram ter entrado em conflito com o papa Francisco diversas vezes, sobre o desmatamento da Amazônia e sobre direitos humanos.
Ao jornal Corriere della Sera, um frade antoniano afirmou que "trata-se de uma pessoa que acaba de ser acusada pelo seu próprio país de crimes contra a humanidade pela forma como lidou mal com a pandemia de Covid, que já causou mais de 600 mil mortes".
Segundo jornais italianos, Bolsonaro não será recebido nem pelo novo reitor, nem pelo delegado pontifício, nem pelo bispo.
A Igreja de Pádua divulgou uma nota em que "pede sinceramente ao presidente Bolsonaro "que promova políticas que respeitem a Justiça, a saúde e o meio ambiente, especialmente para apoiar os pobres". O texto diz ainda que a concessão do título de cidadão honorário ao presidente pela prefeitura de Anguillara Vêneta causou "constrangimento".
Na terça, Bolsonaro participa em Pistoia a uma cerimônia em homenagem aos pracinhas brasileiros que morreram na Segunda Guerra Mundial, antes de voltar ao Brasil.
Esta é a primeira viagem do presidente brasileiro à Europa desde o começo da pandemia. Como ele se declara não vacinado, deverá fazer testes frequentes de detecção do coronavírus.
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